O comércio do Distrito Federal entra na Black Friday de 2025 com o maior nível de participação já registrado. Levantamento do Instituto Fecomércio-DF revela que 100% dos lojistas entrevistados confirmaram adesão à data, número superior aos 95,3% registrados no ano passado. O cenário indica um movimento consolidado e cada vez mais estratégico para o varejo brasiliense, que encontra no período a porta de entrada para o ciclo de vendas de fim de ano.
A expectativa também acompanha o ritmo da adesão, 98% dos comerciantes projetam aumento nas vendas em comparação a 2024. Entre eles, 48% esperam crescimento entre 10% e 20%, enquanto 43% acreditam em alta acima dos 20%. Outros 7% acreditam em aumento de até 10%. Apenas 2% trabalham com estabilidade ou queda.

Para o presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, os dados refletem uma mudança estrutural no comportamento do varejo. “A Black Friday já está totalmente incorporada ao calendário do comércio. A concorrência é grande e o consumidor está cada vez mais atento aos preços, o que faz com que o lojista sinta a necessidade de participar para não perder competitividade”, afirma.
Segundo Freire, uma preparação mais robusta ao longo dos últimos anos explica o índice recorde. “Planejamento de estoque, negociação antecipada com fornecedores e estratégias consistentes de divulgação contribuíram para essa adesão total. O comércio do Distrito Federal está pronto para oferecer descontos reais, fortalecendo a confiança do consumidor”, destaca José.
Otimismo e cenário econômico favorável
Freire destaca que o otimismo dos empresários dialoga diretamente com a realidade econômica local. “Temos um mercado de trabalho aquecido, nível de emprego elevado e renda média superior à de outras capitais. Isso se reflete em maior capacidade de consumo das famílias brasilienses”, analisa.
Os lojistas também demonstram estar atentos às estratégias para aproveitar o momento. A pesquisa indica que 41,4% planejam descontos entre 31% e 50%, enquanto outros 18,2% pretendem reduzir preços acima dos 50%. Promoções diretas lideram as ações previstas (73,5%), seguidas por diversificação de produtos (54,9%) e maior investimento em redes sociais (46,1%). Vitrines temáticas e materiais visuais seguem como aposta frequente.

As lojas físicas seguem como o principal canal de vendas: 86,9% do faturamento esperado deverá ocorrer presencialmente, contra 11,1% no e-commerce próprio e 2% por redes sociais ou telefone.
Para a Fecomércio-DF, a Black Friday funciona como “a largada” das vendas de Natal. “É fundamental manter o ritmo e converter o impulso da Black Friday em resultados até dezembro”, pontua Freire. Entre as recomendações estão descontos reais, planejamento de estoque, atendimento qualificado e comunicação visual atrativa.“Vitrines temáticas, campanhas digitais e clareza nas condições de compra ajudam não só a atrair o público, mas a fidelizar esse consumidor”, completa.
Mercado aquecido na ponta
Nas lojas do DF, o movimento já começou cedo. O gerente da Aventure, que vende peças de moda feminina, João Vitor de França, contou ao Jornal de Brasília que a estratégia este ano envolve ações durante todo o mês.“As principais estratégias são descontos agressivos, chegando a 60%, e grande uso das redes sociais. Postamos diariamente as promoções e deixamos nossas vitrines repletas de peças com preços destacados”, explicou.

A expectativa, segundo ele, é superar os números do ano passado.“Somos sempre otimistas. Buscamos aumentar o fluxo e o volume de vendas em relação aos anos anteriores”, afirma. Para dar conta da demanda, a loja reforçou tanto o estoque quanto a equipe. “A ideia é queimar o estoque antigo, mas também compramos mercadorias exclusivas para a data. E já estamos com mais colaboradores no salão, porque novembro e dezembro exigem reforço”, comenta João.
O comportamento do consumidor, segundo João Vitor, mudou significativamente. “Hoje os clientes estão atentos aos descontos reais. Nos últimos três anos, percebemos que eles aguardam essa data para fazer compras e até antecipam presentes de Natal e looks das festas de fim de ano”, finaliza o gerente.

Os setores com maior presença na pesquisa foram: vestuário e moda (21%); eletroeletrônicos e tecnologia (18%); calçados e acessórios (16%). Todos tradicionalmente impulsionados pelo apelo da Black Friday. A sondagem da Fecomércio-DF foi realizada entre 6 e 10 de novembro de 2025, com 102 empresas de 12 segmentos do comércio de bens, serviços e turismo do Distrito Federal. As entrevistas foram feitas presencialmente com proprietários e gerentes de estabelecimentos em diversas regiões administrativas.
A compra certa

Desempregada e sem perspectiva de receber o décimo terceiro, Irlana Machado, 42 anos, auxiliar de serviços gerais e moradora do Paranoá-DF, conta ao Jornal de Brasília que encontrou na Black Friday uma oportunidade para realizar compras que vinha adiando há meses. Ela comenta que a data é especialmente importante para famílias de baixa renda, que dependem dos descontos para acessar produtos essenciais. “É uma promoção boa, uma chance para comprar algo que a gente deseja há muito tempo. Os preços caem e fica tudo mais acessível para quem vive com um salário mínimo”, explica.

créditos daniel xavier
Mesmo com o orçamento apertado, Irlana aproveitou as ofertas e conseguiu comprar em uma loja do Shopping Conjunto Nacional, um colchão e uma televisão, parcelados em dez vezes, um alívio para melhorar o conforto em casa sem comprometer totalmente as contas do mês.
