Maria Cecília Freitas tinha 2 anos quando passou por um transplante de medula óssea após ser diagnosticada com anemia de Blackfan-Diamond. Acompanhada pela equipe de onco-hematologia do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), a menina apresentou melhora significativa no quadro de saúde após o procedimento. Os pais afirmam que a doação foi decisiva para salvar a vida da filha, mas não conheciam o responsável pela doação até este ano, quando Maria Cecília, já com 5 anos, retornou ao hospital para encontrar o doador.
O doador é Valdiomar de Lima Júnior, de 41 anos, morador de Jataí, em Goiás. Ele se cadastrou no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) no mesmo ano em que Maria Cecília nasceu. Doador frequente de sangue, Valdiomar decidiu incluir seu nome no cadastro após sugestão de uma funcionária do hemocentro local. Segundo ele, o procedimento foi simples e a recuperação ocorreu rapidamente.
O encontro no HCB reuniu a menina, familiares e a equipe de saúde, além de Valdiomar e seus parentes. A ocasião marcou também o período da Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, realizada de 14 a 21 de dezembro, criada em 2009 para incentivar o cadastramento de novos voluntários.
Maria Cecília nasceu em Sobradinho e apresentou os primeiros sintomas poucos meses após o nascimento. A mãe, Bruna de Freitas, buscou atendimento médico ao perceber episódios de palidez intensa e choro frequente. Após o diagnóstico no Hospital da Criança de Brasília, a menina iniciou o tratamento enquanto era feita a busca por um doador compatível no Redome.
Gerido pelo Ministério da Saúde, com apoio do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Redome cruza dados de pacientes e doadores para viabilizar transplantes. Após a identificação da compatibilidade, Valdiomar passou por exames e avaliações médicas em Goiás e Minas Gerais, onde ocorreu a coleta da medula.
Na época, o HCB ainda não realizava transplantes alogênicos, com medula de doador não aparentado. Por isso, o procedimento foi feito no Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), em São Paulo. Após o período crítico, Maria Cecília recebeu alta e retornou ao Distrito Federal para acompanhamento ambulatorial no HCB.
Desde 2019, o Hospital da Criança de Brasília José Alencar realizou 162 transplantes de medula óssea, considerando procedimentos autólogos, aparentados e não aparentados. A unidade conta com equipe multidisciplinar especializada e recebe apoio técnico do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).
Para ampliar o número de transplantes e possibilitar novas histórias semelhantes, o Ministério da Saúde reforça a importância do cadastro de doadores voluntários. O registro deve ser feito presencialmente no hemocentro, por pessoas entre 18 e 35 anos, com documento oficial com foto e em bom estado de saúde. Informações detalhadas estão disponíveis no site do Redome.
Com informações do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB)