Por Vítor Ventura
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) debateu no último dia 22 a possibilidade de inserir faixas exclusivas para motociclistas em vias do DF. Porém a viabilidade da faixa azul no trânsito de Brasília ainda é um ponto de cautela para o GDF, que defende estudos mais aprofundados para esclarecer se a novidade traria outros problemas para o tráfego.
De acordo com o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, é preciso levar em consideração outros aspectos no trânsito antes de iniciar os testes com a faixa azul. “Nossa preocupação é com o transporte público coletivo, que tem prioridade no trânsito. Essa medida, ao que parece, teria que vir acompanhada de redução da velocidade máxima em diversas vias estruturantes, como por exemplo a Estrutural. Precisamos estudar qual é o impacto do ponto de vista da fluidez do trânsito, pois a redução de velocidade altera totalmente a dinâmica do trânsito e pode prejudicar muito o transporte público coletivo”, avaliou o secretário.
A ideia inicial é que o projeto tenha como exemplo o da cidade de São Paulo, onde existem faixas exclusivas para motociclistas em certas vias. A faixa azul deve ter uma largura total de 1 metro e 20 centímetros, sendo 1,10 de área útil.
Perguntado sobre sobre ser possível colocar faixas exclusivas para motociclistas em vias da capital, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) afirmou que ainda realiza estudos sobre a viabilidade de implantação da faixa azul. O DER-DF apontou que tem analisado condicionantes geométricas, quantidade de motos e de sinistros envolvendo motocicletas e o tamanho das intervenções em cada rodovia. O órgão ainda colocou que não há prazo definido para que o estudo seja finalizado e não pode afirmar ainda sobre a viabilidade da implantação.
A Secretaria de Transportes e Mobilidade (Semob) também esclareceu que a faixa azul ainda não é regulamentada. A pasta espera que os estudos sejam aprofundados e que haja testes em algumas vias antes da implantação definitiva da medida.
Acidentes
Ao Jornal de Brasília, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) informou que entre os fatores de risco mais recorrentes em sinistros fatais envolvendo motociclistas no DF, a perda do controle da direção esteve presente em grande parte das ocorrências.
Também se destacaram a proximidade excessiva de outros veículos, o excesso de velocidade, o consumo de álcool, a circulação na contramão, a permanência em pontos cegos, o uso incorreto do capacete e a falta de visibilidade, todos diretamente relacionados ao comportamento do condutor, conforme destacou o departamento de trânsito.
Os números de acidentes fatais envolvendo motociclistas aumentaram no DF, segundo dados preliminares do Detran. Em 2023, foram registrados 69 sinistros. No ano passado, o número saltou para 74. De janeiro a agosto de 2024, foram 52 ocorrências contra 68 registradas no mesmo período deste ano. Ainda de acordo com o Detran, a frota atual de motocicletas do DF é de 288.313.
Exemplo de São Paulo
Segundo o deputado distrital Fábio Félix (Psol), autor de projeto aprovado em 2023 que institui diretrizes para a implantação de faixas específicas para motos no DF, o foco do projeto é a experiência paulista.
Durante o encontro promovido pela CLDF, técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP) apresentaram os resultados obtidos com o projeto na cidade. O diretor de planejamento da CET-SP, Ivan Carvalho de Moraes, explicou que os testes com a Faixa Azul estão sendo realizados há alguns anos, e as pesquisas realizadas indicam grande aceitação geral de motociclistas, motoristas de carros e população em geral ao projeto. Foi apontado na ocasião que houve redução de 20% no número de sinistros com vítimas sérias e mortas nos trechos com faixa azul.