Em um universo de mais de 12 milhões de servidores públicos no Brasil, que representam mais de 12% do trabalho formal do país, a saúde mental ganha relevância crescente. Dados do governo federal indicam que, a cada mil servidores, entre 12 e 13 estão afastados por questões de saúde mental, enquanto até cinco apresentam sinais de sofrimento, segundo o artigo Absenteísmo — Doença entre Servidores Públicos do Setor de Saúde do Distrito Federal, publicado na Revista Brasileira de Medicina do Trabalho em 2018.
O tema foi um dos principais abordados na Jornada Regional de Qualidade de Vida no Trabalho, realizada nesta quarta-feira (10) pela Secretaria de Economia (Seec-DF), no Auditório José Nilton Matos da Academia de Bombeiros Militar do Corpo de Bombeiros Militar do DF. Cerca de 200 pessoas participaram de palestras e discussões sobre saúde mental e bem-estar.
A iniciativa surgiu em parceria com a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) e o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário da União (Sindjus), com objetivo de criar um espaço regional de diálogo, troca de experiências e fortalecimento das práticas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).
Para o secretário-executivo de Valorização e Qualidade de Vida do DF, Epitácio do Nascimento Sousa Júnior, o encontro busca contribuir para um serviço público mais humano, colaborativo e orientado ao bem-estar. “Este encontro foi destinado a agentes de QVT, lideranças de gestão de pessoas, representantes de órgãos, membros de comitês e servidores interessados em saúde emocional, um tema que queremos avançar muito em 2026”, afirmou.
Durante o evento, a principal pauta abordada foi a prevenção e combate à Síndrome do Esgotamento Profissional, conhecida como burnout, caracterizada por estresse crônico no trabalho e sintomas como exaustão física e mental, distanciamento do trabalho, irritabilidade, baixa realização profissional, insônia e ansiedade. Conforme José Antônio Coelho Júnior, presidente da ABQV, fatores como liderança tóxica, injustiças e desvalorização profissional contribuem significativamente para o problema.
O estudo aponta que o afastamento médio de servidores por saúde mental é de mais de 40 dias ao ano, sendo maior entre mulheres. Coelho destacou a importância de estruturas de apoio e capacitação de líderes para identificar sinais de adoecimento antes que se agravem. “É preciso educar para perceber situações de risco, capacitar lideranças e criar redes de apoio, evitando afastamentos que geram impactos sociais e estigmatização”, explicou.
Servidores presentes relataram a relevância das ações do GDF, como o Espaço do Servidor no Palácio do Buriti, ginástica laboral e atividades físicas, para reduzir estresse e melhorar a qualidade de vida. Erinaldo da Silva Lêla, da Secretaria de Economia, afirmou: “Praticar esportes e utilizar espaços de descompressão ajuda a evitar problemas médicos e melhora a qualidade de vida.”
Viviane Carneiro Silva, agente de QVT do IPEDF, reforçou que ações preventivas voltadas à saúde física e mental têm retorno positivo entre servidores, incluindo programas sobre burnout, endividamento e aposentadoria. O coronel Moisés Alves Barcelos, comandante geral do CBMDF, destacou que políticas de qualidade de vida são essenciais para que os bombeiros atendam a população de forma adequada, mencionando mais de 30 programas implementados para estruturar unidades, cursos e liderança, garantindo bem-estar e saúde mental da corporação.
Com informações da Agência Brasília